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9|MARÇO|2001
escolhas|discos
STEPHAN MICUS
Desert Poem
ECM, distri. Dargil
8|10
Imperturbável,
afastado das modas e tendências, Stephan Micus vem construindo na ECM uma obra
ímpar que o coloca num lugar à parte da produção contemporânea. Recolhendo
elementos étnicos e religiosos das tradições do Ocidente e do Oriente, a música
de Micus é uma viagem de contemplação mais do que pelas geografias do globo,
pelos mapas do espírito. O modalismo de múltiplas tradições orais, o transe e
os rituais do Oriente árabe e asiático cruzam-se com liturgias gregas e canto
gregoriano num jardim zen. Música de silêncio, júbilo e devoção, “Desert Poems”
tem a serenidade do despojamento, mas também uma complexidade quase sinfónica
na harmonização das dilrubas, em “Adela” e “Shen khar venakhi”. Como de
costume, Micus socorre-se de uma extensa paleta de instrumentos tradicionais,
multiplicados ou a solo – além da dilruba, o sarangi, dondon, doussn’gouni,
kalimba, sinding, steel drums, shakuhachi, sattar e os já habituais vasos de
barro.
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