Y
2|MARÇO|2001
escolhas|discos
PROTEIN
Süss
Gomma, distri. Symbiose
7|10
Não
transporta consigo os germes da revolução do “drum ‘n’ bass”, não irá
enlouquecer as cabeças da tecno, não carrega nenhuma mensagem hip-hop, não
soluça sobre os escombros da “house”, não presta para a decoração de salões
“lounge”, nem sequer oferece o conforto de uma carícia easy-listening. Mas algo
de atraente se desprende da eletrónica deste grupo alemão que obriga a que
“Süss” se ofereça a uma e outra audição. Sob uma capa clínica a sugerir imagens
de dissecação de um peixe, mistura de néon, guelras e sangue, “Süss” é uma
prótese digital de luxuriantes festas retrofuturistas servidas por orquestras
de theremin, emulação gélida do krautrock, “funny electronics” contadas por um
técnico de bata branca sem sentido de humor, música de dança para aleijados,
droga auditiva (e aditiva, como em “Aspik”, ao nível dos melhores To Rococo
Rot) para “aliens” sem caminho de retorno, melodias fascinantes, ou pedaços
delas, emergindo ou mergulhando nas trevas da mesa de misturas. Reconhecimento
e surpresas num elixir para o inconsciente.
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