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23|MARÇO|2001
escolhas|discos
LOVE
Forever Changes
Elektra, distri. Warner Music
9|10
Gravado
no ano mágico de 1967, “Forever Changes” é uma “trip” de colorações sinistras
que agora surge remasterizada em toda a sua perigosa glória. Se, nesse mesmo
ano, os Doors, com “Strange Days”, e os Mothers of Invention, com “We’re only
in it for the Money”, respetivamente flipavam e gargalhavam à custa do “flower
power”, Arthur Lee, compositor, guitarrista e cantor dos Love, preocupava-se,
aos 22 anos, com a sua morte (estava convencido de que morreria aos 26… o ácido
tem destas coisas). Extraordinário guitarrista, Lee sabia que não podia competir
com o seu amigo elétrico, Jimi Hendrix, optando neste álbum por sonoridades
acústicas e arranjos sofisticados, com pinceladas orquestrais, lançados do
centro da sua solidão. “The daily planet”, “Old man” e “The red telephone” são
alguns dos cristais resplandecentes de uma música que tem mais a ver com o
caleidoscópio quebrado de Tim Buckley do que com as psico-viagens épicas dos
Grateful Dead ou dos Jefferson Airplane. Versos como “Sitting on a hillside
watching all the people die” não combinavam com o otimismo do Verão do amor.
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