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2|MARÇO|2001
escolhas|discos
TORTOISE
Standards
Thrill
Jockey, distri. Zona Música
7|10
LABRADFORD
Fixed::Context
Blast
First, distri. Zona Música
7|10
Depois do “big bang”
Tortoise
e Labradford correspondem a dois estágios distintos de evolução do pós-rock.
“Standards” será, segundo os próprios, o “disco punk” dos Tortoise. O grupo
voltou-se para uma via energética que estava ausente no anterior “TNT”. Se este
era uma montagem de módulos sonoros em permanente flutuação, oo novo
“Standards” sujou, por um lado, o som, ao mesmo tempo que o ar de “inacabado”
surge agora imbuído de uma carga libertária. O lado ideológico da crítica a
alguns dos sinais da América pós-Clinton, servirão de caução a uma música que
alterna achados sonoros com “jams” inconsequentes. Eletrónica manipulada com
mestria, devaneios jazzísticos, um pouco de “lounge” e “film music” e
constantes truques de ilusionismo formam uma argamassa em ebulição, sem que
este retorno ao “big bang” faça esquecer a galáxia em expansão que continua a ser
“Millions now Living will never Die”. Os Labradford, esses, há muito que se
afastaram do rock. Desde “Mi Media Naranja” que a banda se vem embrenhando numa
música “espacial” que tanto evoca bandas da 4AD – Dif Juz ou This Mortal Coil
–, como Pink Floyd e Brian Eno. “Fixed::Context” cria ambientes talvez menos
suscetíveis de aprofundamento do que o anterior “E Luxo So”, embora imbuídos de
forte pendor hipnótico. Em “Twenty”, pulsações no limite dos infra-sons
sustentam uma frase de guitarra eterna repescada de “Wish you were here”, dos
Floyd. “Up to pizmo” e “David” vivem do mesmo tipo de tecituras de guitarra
criadas por Vini Reilly nos Durutti Column, e “Wien” fecha em voo silencioso de
baixo, sintetizador e piano elétrico sobre as regiões de “Apollo Atmospheres”
de Eno. Música para sonhar, alguns furos acima do postal retro dos Sigur Rós.
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