21/09/2014

Tortoise - Standards + Labradford - Fixed::Context



Y 2|MARÇO|2001
escolhas|discos

TORTOISE
Standards
Thrill Jockey, distri. Zona Música
7|10

LABRADFORD
Fixed::Context
Blast First, distri. Zona Música
7|10

Depois do “big bang”

Tortoise e Labradford correspondem a dois estágios distintos de evolução do pós-rock. “Standards” será, segundo os próprios, o “disco punk” dos Tortoise. O grupo voltou-se para uma via energética que estava ausente no anterior “TNT”. Se este era uma montagem de módulos sonoros em permanente flutuação, oo novo “Standards” sujou, por um lado, o som, ao mesmo tempo que o ar de “inacabado” surge agora imbuído de uma carga libertária. O lado ideológico da crítica a alguns dos sinais da América pós-Clinton, servirão de caução a uma música que alterna achados sonoros com “jams” inconsequentes. Eletrónica manipulada com mestria, devaneios jazzísticos, um pouco de “lounge” e “film music” e constantes truques de ilusionismo formam uma argamassa em ebulição, sem que este retorno ao “big bang” faça esquecer a galáxia em expansão que continua a ser “Millions now Living will never Die”. Os Labradford, esses, há muito que se afastaram do rock. Desde “Mi Media Naranja” que a banda se vem embrenhando numa música “espacial” que tanto evoca bandas da 4AD – Dif Juz ou This Mortal Coil –, como Pink Floyd e Brian Eno. “Fixed::Context” cria ambientes talvez menos suscetíveis de aprofundamento do que o anterior “E Luxo So”, embora imbuídos de forte pendor hipnótico. Em “Twenty”, pulsações no limite dos infra-sons sustentam uma frase de guitarra eterna repescada de “Wish you were here”, dos Floyd. “Up to pizmo” e “David” vivem do mesmo tipo de tecituras de guitarra criadas por Vini Reilly nos Durutti Column, e “Wien” fecha em voo silencioso de baixo, sintetizador e piano elétrico sobre as regiões de “Apollo Atmospheres” de Eno. Música para sonhar, alguns furos acima do postal retro dos Sigur Rós.

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