25/08/2016

5º Festival Intercéltico do Porto

Pop Rock

1994
VIA LÁCTEA


ESTÁ A TRANSFORMAR-SE NUM HÁBITO. É a boa música, os bons espíritos, o convívio com os sons e a cidade. É o festival Intercéltico do Porto que de há cinco anos para cá, na Primavera, traz a Portugal a melhor música folk da Europa. Este ano, como nos anteriores, houve bons concertos, concertos razoáveis e concertos de exceção. Estes últimos são os momentos em que a História da música tradicional coincide com a história do festival. Geniais, bons ou simplesmente talentosos instrumentistas passaram durante quatro dias pelo palco do Terço e, ao lado da programação oficial, pelos bares, jardins e outros recantos que o Porto tem para oferecer ao explorador das pedras e do tempo. Mac-Talla, escoceses e gaélicos, Déanta, irlandeses aprendizes, os manos Jacky e Patrick Mollard com Jacques Pellen, bretões com o vício do jazz, Leilia, galegas com o sangue na guelra, Amélia Muge e Toque de Caixa, apostados em dar um rosto novo à música popular portuguesa, cumpriram, cada qual a seu jeito, as músicas que dão corpo à Tradição. Mas o céu só está ao alcance dos eleitos. E os eleitos – como já o haviam sido em anteriores edições do Intercéltico, Maddy Prior, De Danann, Barabán e Chieftains – foram esta ano os Muzsikas, transilvanos de génio, e os Dervish, da Irlanda, principiantes sim, mas já com a arte e o engenho dos mestres. Em termos individuais o destaque vai para Kristen Noguès, uma harpista bretã que deu vontade de escutar divorciada do jazz, para os húngaros dos Muzsikas, Miháli Sipos, no violino, e Sandór Csoóri, no “kontra” e gaita-de-foles, e para os irlandeses dos Dervish, Liam Kelly, na flauta, Shane McAleer, no violino, e Cathy Jordan, exímia tocadora de “bodhran” e senhora de uma voz na linhagem nobre das divas da música tradicional da ilha esmeralda. Quanto a Márta Sebestyén, com problemas na voz devido a uma gravidez recente, não deixou os seus créditos por mãos alheias num solo encantatório de flauta. Dos portugueses, para além das confirmações de Amélia Muge e Celso de Carvalho, a revelação chamou-se Teresa Paiva, a jovem dos Toque de Caixa que tem tudo para se transformar numa grande intérprete na gaita-de-foles.

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