09/08/2016

The Police - Their Greatest Hits

Pop Rock
28 de Novembro 1990

FALSOS PAISANAS

POLICE
Their Greatest Hits
LP, MC e CD, A&M, ed. Polygram


Não se tem ouvido falar deles, ultimamente. Talvez por Sting andar ocupado às voltas com os índios da Amazónia e com os concertos de beneficência. Sting é assim mesmo, preocupado com os grandes problemas e os atentados à liberdade que afligem a humanidade, não tem tempo para policiamentos. Os outros dois aguardam que o mundo conheça melhores dias... Surgidos em 1976, em pleno “boom” do “punk”, os Police aproveitaram a maré para fazer figura de artistas, brilhando entre a violência descontrolada e desafinada da geração sem futuro, como intelectuais descontentes que até sabiam tocar. Conseguiram a proeza de aliar a energia da nova onda ao virtuosismo e a um sentido melódico sem rivais na época. Ao contrário da maioria dos grupos de então, os seus músicos tinham um passado, um currículo que, para evitar ofender as limitações alheias, convinha não alardear em demasia. Mas sabia-se que já não eram novos e que haviam cometido o pecado de tocar jazz (no caso de Sting) ou em bandas “progressivas”, como os Curved Air (Stewart Copeland, que, a solo, viria posteriormente a enveredar por experiências étnico-eletrónicas, em “The Equalizar & other Cliffhangers” e “The Rhythmatist”). O guitarrista Andy Summers, por seu lado, já tocara com Zoot Money, Eric Burdom e Kevin Ayers, vindo mais tarde a colaborar com o mestre da guitarra tântrica, Robert Fripp, nos álbuns “I Advance Masked” e “Bewitched”. O álbum “Outlando’s d’Amour” e o single dele retirado, “Roxanne”, canção de amor dedicada a uma prostituta, projetaram, em anúncios brilhantes, o nome da banda em tudo o que era antro “new wave”. Do leque de influências recolhidas e assimiladas resultou uma síntese bem sucedida de rock, pop e “reggae”, destilada com a energia conveniente para a época e encimada pela voz nasalada e incrivelmente sedutora de Sting. “Message in a Bottle” (do álbum seguinte “Regatta de Blanc”, cujo título se refere ao “reggae branco”) possui uma melodia que é candidata credível a figurar no grupo restrito das “melhores canções pop de sempre”. Ambos os temas, bem como outro grande êxito dos primeiros tempos, “Can’t Stand Losing you”, e o atmosférico “Walking on the Moon” constituem a sequência inicial da coletânea, que prossegue com duas canções de “Zenyatta Mondatta”: “Don’t Stand so Close to me” (aqui numa nova versão gravada em 1986) e o pueril “De Do Do Do De Da Da Da”, um dos títulos mais intelectuais e pretensiosos da toda a história da pop. O lado dois abre com “Every Little Thing she Does is Magic”, do álbum de 1981 “Ghost in the Machine”. Não sabemos quem é “ela” mas acreditamos, nela e que os três são mestres na arte mágica de saber compor um refrão apelativo. “Invisible Sun” e “Spirits in the Material World” assombram pela leveza fantasmagórica de um “reggae” sobrenatural, recordando (bem como a totalidade de “Regatta de Blanc”) essas outras canções espectrais que são as despojadas refrações sonoras da obra-prima “World of Echo”, assinada por Arthur Russell. **

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