25/08/2016

A cidade das mulheres [5º Festival Intercéltico do Porto]

Pop Rock

16 FEVEREIRO 1994

A CIDADE DAS MULHERES

Márta Sebestyen com os Muzsikas, Mac-Talla, Déanta, Dervish, Kristen Nogues com os irmãos Mollard e Jacques Pellen, Leilia, Amélia Muge e Toque de Caixa. Oito nomes para o Festival Intercéltico do Porto, na sua quinta edição. Com uma orientação temática: as mulheres na música tradicional. E algumas novidades: um bar com música ao vivo, espaços verdes, até uma capela onde poderão acontecer surpresas.
Um espaço diferente acolhe na Primavera na cidade do Porto o espírito celta. Este ano o Intercéltico mudou de poiso. Do Rivoli passou para o Cinema do Terço, uma sala bem mais confortável e acolhedora que a anterior. A 24, 25, 26 e 27 de Março, de quinta a domingo, vão passar pelo Porto grandes senhoras da música tradicional. O último dia é especial, integrando-se nas comemorações dos 25 anos de MC – Mundo da Canção que, quase nem vale a pena dizê-lo, é a entidade organizadora do Intercéltico, com o apoio forte da Câmara Municipal.
Amélia Muge abre o festival. Com José Martins, Luís Sá Pessoa, convidados surpresas e um reportório especialmente preparado para a ocasião. Fecha a primeira noite a superbanda escocesa da editora Temple, Mac-Talla: duas damas, Christine Primrose e Eilidh MacKenzie, e um cavalheiro, Arthur Cormack, do canto gaélico, mais a harpista Alison Kinnaird e o teclista, ex-Runrig, Blair Douglas.
Sexta-feira começa sob os auspícios da música galega, com o coro Leilia, que os lisboetas já conhecem do projeto Hent-San Jakez que em 1993 passou pela Aula Magna. Márta Sebestyen, rainha da música tradicional da Hungria, a grande estrela da noite e uma das maiores do festival, atua a seguir. Com a sua banda Muzsikas e um par de dançarinos.
Noite de exceção, a de sábado. Primeiro com um dos momentos decerto mais altos do Intercéltico: da Bretanha, a harpa de Kristen Norgue, que virá acompanhada por um trio de mestres constituído pelos irmãos Mollard, Jacky, o violinista, Patrick, o gaiteiro, e Jacques Pellen, autor de "Celtic Procession”, um exercício de jazz colorido com referências célticas, gravado recentemente para a Silex. A seguir, os Déanta, uma das últimas revelações do inesgotável filão da música irlandesa.
Para o dia de encerramento do Intercéltico, o tal das comemorações, foram convidados os portugueses Toque de Caixa, ainda mal refeitos da emoções do seu álbum de estreia, “Histórias do Som”, e, em final de festejos que se prevê apoteótico, mais irlandeses da nova geração, os Dervish, com uma cantora que começa a dar brado, Cathy Jordan, e o primeiro álbum acabado de chegar a Portugal, “Harmony Hill”, cuja crítica poderá ser lida na página de World deste mesmo suplemento.
O resto, que não é pouco e desempenha um papel determinante no ambiente único que a todos envolve no Intercéltico, inclui um ciclo de cinema Intercéltico, a realizar no cinema Jardim nos dias 17, 18, 19, 22 e 23 de Março, os dois últimos dedicados a Maureen O’Hara. As chamadas “conversas intercélticas” terão lugar na mesma sala, subordinadas aos temas “A música tradicional e popular na Galiza” (dia 25) e “A herança céltica na música portuguesa” (dia 26). A animação musical, que é o mesmo que dizer música ao vivo, copos (eufemisticamente denominados “alimentos pogueanos”...) e conversa vão dar um gosto ainda mais especial ao festival. De 24 a 26, no cinema Jardim, a partir das 23h e prolongando-se pela “madrugada céltica” dentro, um grupo de irlandeses e portugueses tocará boa música para quem quiser impregnar-se do espírito (e dos espíritos) da causa. Mais forte ainda é o que se está a preparar para um “convívio intercéltico” em estilo de “regabofe celta”. No Cinema do Terço e no jardim circundante. Se “os nevoeiros e as chuvas célticas o não impedirem”, avisa a organização. Vídeos, artesanato (pelo galego Pablo Leal, que criou em latão a insígnia do Intercéltico) e a indispensável feira do disco completam o leque de atividades paralelas.
Agora é entrar em estágio até a festa dos celtas que é de todos começar.

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