Pop
Rock
16 FEVEREIRO
1994
A CIDADE DAS MULHERES
Márta Sebestyen com os Muzsikas, Mac-Talla, Déanta, Dervish, Kristen
Nogues com os irmãos Mollard e Jacques Pellen, Leilia, Amélia Muge e Toque de
Caixa. Oito nomes para o Festival Intercéltico do Porto, na sua quinta edição.
Com uma orientação temática: as mulheres na música tradicional. E algumas
novidades: um bar com música ao vivo, espaços verdes, até uma capela onde
poderão acontecer surpresas.
Um espaço diferente acolhe na Primavera na cidade do Porto o espírito
celta. Este ano o Intercéltico mudou de poiso. Do Rivoli passou para o Cinema
do Terço, uma sala bem mais confortável e acolhedora que a anterior. A 24, 25,
26 e 27 de Março, de quinta a domingo, vão passar pelo Porto grandes senhoras
da música tradicional. O último dia é especial, integrando-se nas comemorações
dos 25 anos de MC – Mundo da Canção que, quase nem vale a pena dizê-lo, é a
entidade organizadora do Intercéltico, com o apoio forte da Câmara Municipal.
Amélia Muge abre o festival. Com José Martins, Luís Sá Pessoa, convidados
surpresas e um reportório especialmente preparado para a ocasião. Fecha a
primeira noite a superbanda escocesa da editora Temple, Mac-Talla: duas damas,
Christine Primrose e Eilidh MacKenzie, e um cavalheiro, Arthur Cormack, do
canto gaélico, mais a harpista Alison Kinnaird e o teclista, ex-Runrig, Blair
Douglas.
Sexta-feira começa sob os auspícios da música galega, com o coro Leilia,
que os lisboetas já conhecem do projeto Hent-San Jakez que em 1993 passou pela
Aula Magna. Márta Sebestyen, rainha da música tradicional da Hungria, a grande
estrela da noite e uma das maiores do festival, atua a seguir. Com a sua banda
Muzsikas e um par de dançarinos.
Noite de exceção, a de sábado. Primeiro com um dos momentos decerto mais
altos do Intercéltico: da Bretanha, a harpa de Kristen Norgue, que virá
acompanhada por um trio de mestres constituído pelos irmãos Mollard, Jacky, o
violinista, Patrick, o gaiteiro, e Jacques Pellen, autor de "Celtic
Procession”, um exercício de jazz colorido com referências célticas, gravado
recentemente para a Silex. A seguir, os Déanta, uma das últimas revelações do
inesgotável filão da música irlandesa.
Para o dia de encerramento do Intercéltico, o tal das comemorações, foram
convidados os portugueses Toque de Caixa, ainda mal refeitos da emoções do seu
álbum de estreia, “Histórias do Som”, e, em final de festejos que se prevê
apoteótico, mais irlandeses da nova geração, os Dervish, com uma cantora que
começa a dar brado, Cathy Jordan, e o primeiro álbum acabado de chegar a
Portugal, “Harmony Hill”, cuja crítica poderá ser lida na página de World deste
mesmo suplemento.
O resto, que não é pouco e desempenha um papel determinante no ambiente
único que a todos envolve no Intercéltico, inclui um ciclo de cinema
Intercéltico, a realizar no cinema Jardim nos dias 17, 18, 19, 22 e 23 de
Março, os dois últimos dedicados a Maureen O’Hara. As chamadas “conversas
intercélticas” terão lugar na mesma sala, subordinadas aos temas “A música
tradicional e popular na Galiza” (dia 25) e “A herança céltica na música
portuguesa” (dia 26). A animação musical, que é o mesmo que dizer música ao
vivo, copos (eufemisticamente denominados “alimentos pogueanos”...) e conversa
vão dar um gosto ainda mais especial ao festival. De 24 a 26, no cinema Jardim,
a partir das 23h e prolongando-se pela “madrugada céltica” dentro, um grupo de
irlandeses e portugueses tocará boa música para quem quiser impregnar-se do
espírito (e dos espíritos) da causa. Mais forte ainda é o que se está a
preparar para um “convívio intercéltico” em estilo de “regabofe celta”. No
Cinema do Terço e no jardim circundante. Se “os nevoeiros e as chuvas célticas
o não impedirem”, avisa a organização. Vídeos, artesanato (pelo galego Pablo
Leal, que criou em latão a insígnia do Intercéltico) e a indispensável feira do
disco completam o leque de atividades paralelas.
Agora é entrar em estágio até a festa dos celtas que é de todos começar.
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