Pop
Rock
1994
REEDIÇÕES
REEDIÇÕES
O PARAÍSO REENCONTRADO
ALAN STIVELL
Symphonie Celtique
CD,
Rounder, distri. Dargil
Reedição no formato digital da obra-prima (originalmente editada em álbum
duplo) do bretão que fez incidir sobre a harpa céltica a atenção do mundo.
Corria o ano de 1980 e Alan Stivell ardia no fogo da síntese definitiva.
Partindo da reatualização da harpa céltica, num contexto geral de recuperação e
divulgação da língua e da cultura bretãs, Alain Cochevelou, se deu verdadeiro
nome, “cidadão do mundo” como ele próprio se define, procurou sucessivamente
sínteses cada vez mais perfeitas entre a tradição, o jazz e o rock, em álbuns
lendários como “Renaissance de l’harpe celtique” e “Chemins de terre”. Mas é
com esta “sinfonia céltica” (“o adjetivo ‘céltica’ determina uma influência
central que me desobriga de toda e qualquer obediência estrita às regras da
sinfonia clássica, ditadas na Europa Central, muito longe das nossas ilhas e
penínsulas azul-verdes”, explica no folheto interior), subintitulada “Tir Na
Nog”, “Inis Gwenva”, em bretão – o paraíso celta, tema que retoma no novo
álbum, a sair brevemente, inspirado nas “Brumas de Avalon” de Marion Zimmer
Bradley –, que Stivell vai mais longe na tentativa de unir todas as músicas do
planeta ao centro espiritual de “Shamballah”, através do cordão de prata de um
círculo celta da Bretanha. Para tal, convocou para a gravação desta obra
monumental uma orquestra de 65 músicos, oriundos de várias regiões do globo,
que inclui, para além da imensa legião celta, o grupo feminino algeriano
Djurdjura, a chilena Una Ramos e um par de intérpretes indianos. Parte dos
textos é cantada em línguas tão diversas como o algonquino e o quetchua
(dialetos índios respetivamente da América do Norte e do Sul), berbere,
sânscrito, tibeteano e irlandês gaélico.
Dividido em três partes, correspondentes a outros tantos “círculos”
(simbolizando os três círculos da espiral An Triskell), “Tir Na Nog” junta num
todo grandioso passagens declamadas, longas sequências orquestrais e canções de
sabor popular, num “mantra” diversificado que atinge o auge na “suíte” final,
“Gouel Hollvedel” (“Festa universal”), um “medley” de danças compostas por
Stivell à maneira tradicional (por vezes divergindo para fraseados jazzísticos
ou em transmutações dificilmente definíveis). Elegia sagrada à alegria dos
sentidos e à unidade diversificada do Ser, “Gouel Hollvedel” enuncia um dos
princípios da Idade Nova, a cumprir no ciclo cósmico que se avizinha: “Cada um
tem em si uma parte de verdade e uma parte de erro. Só uma coisa é falsa –
considerarmo-nos superiores aos outros. Respeitemos os seus modos, as suas
cores, as suas línguas, os seus costumes. Amemo-nos a todos, durante os
próximos trezentos mil anos.” (10)
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