BILLY
BRAGG
Don’t
try this at home
LP duplo/CD, Go! Discs, distri. Polygram
Nem em casa nem noutro lugar
qualquer. Billy Bragg prossegue a sua saga contra as injustiças do mundo, com
os ocasionais interlúdios amorosos de permeio. Em relação a discos anteriores,
assiste-se a um refinamento da produção (uma concessão ao “music-hall” que
chegou ao ponto de o próprio produtor se chamar “Showbiz”), e até (pasme-se) do
desempenho vocal deste “cantor de protesto”, para quem a música pop é o meio
ideal de propaganda de uma boa (ou má) ideologia. As referências musicais são
variadas, para que a mensagem seja destilada da forma o menos enfadonha
possível. Há um pouco de tudo em “Don’t try this at Home”): ecos de Leonard
Cohen (“Moving the Goalposts”), dos Moody Blues (será possível? – em “Cindy of
a thousand lives”), de Julian Cope (“Trust”, “Sexuality”), juntamente com as
cordas, plenas de dramatismo, de “Rumours of war” ou o encosto à country em
“You woke up my neighbourhood”. Entre a vulgaridade mais ou menos bem
disfarçada, o melhor acaba por ser as letras, um catálogo completo das
obsessões e preocupações do autor. Para dourar a pílula, não falta sequer a
ajuda de nomes como Michael Stipe e Peter Buck (dos REM), Kirsty McColl, Johnny
Marr e Danny Thompson, em “Dolphins”, uma das canções verdadeiramente belas de
um álbum subjugado pelo peso da “mensagem”. **
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