22
de Setembro 2000
POP
ROCK - DISCOS
Agitation Free
River
of Return (6/10)
Prudence, import. Lojas Valentim de
Carvalho
Os Agitation Free foram uma das
bandas de segunda linha mais importantes do krautrock dos anos 70. Oriundos de
Berlim, a sua música caracterizava-se por uma interessante mistura de
psicadelismo, rock planante e influências árabes recolhidas de uma digressão
efetuada pelo Norte de África e notórias principalmente no álbum de estreia,
“Malesch”, de 1972, vertente étnica que colocava os Agitation Free ao lado dos
Embryo mas que se diluiria nos dois álbuns seguintes, “2nd” e “Last”,
respetivamente de 1973 e 1974. 25 anos depois, os Agitation Free, à semelhança
do que fizeram há alguns anos os Amon Düül II, a outra banda clássica de Berlim,
decidiram regressar. “River of Return” inclui três dos elementos da formação
original dos Agitation Free, entre os quais o guitarrista Lutz Ulbrich que,
depois da extinção do grupo, acompanhou durante anos Manuel Göttsching, no
projeto Ashra. A música, totalmente instrumental, dos Agitation Free perdeu com
a passagem do tempo acutilância e o espírito de anarquia reinante nos primeiros
álbuns e o novo som é agora uma fusão mais próxima do jazz rock “mainstream”
dos Passport de Klaus Doldinger ou dos Soft Machine pós “Softs” do que do free
rock minimalista dos Achim Reichel, colorido pelo sax do convidado Johannes
“Alto” Papert (ex-Kraan) e a guitarra, esta sim ainda e sempre em forma, de
Ulbrich. Os dois temas mais longos, “Susie sells seashells at the seashore” e
“177 spectacular sunrises” fogem à regra. Ambos contemplativos, eletrónicos e
planantes, o primeiro flutua nas mesmas ondulações de “New Age of Earth”, de
Manuel Göttsching/Ashra, o segunda cintila como “Ananas symphonie”, dos
Kraftwerk, embora com menos sumo. Um álbum nostálgico e simpático.
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