6 Outubro
2000
POP
ROCK - DISCOS
Robin Williamson
The
Seed-at-Zero (7/10)
ECM, distri. Dargil
As voltas que o mundo dá! Quem
diria que um velho “hippie” e viajante do LSD como Robin Williamson viria um
dia a aterrar na ECM. Robin Williamson foi um dos dois cérebros (com Mike
Heron) de uma das bandas mais originais e pioneiras dos anos 60 e 70, os
Incredible String Band – os inventores da “world music” de sinal céltico, os
folkers mais passados do universo, os criadores das mais absurdas e mágicas
histórias com base no ácido lisérgico e na literatura e lendas fantásticas da
velha Britânia. Depois dos ISB, Robin Williamson gravou a solo o belíssimo
“Myrrh”, deixou crescer a barba, aprendeu a tocar harpa céltica e fundou os The
Merry Band, até se tornar num bardo encarado nos meios folk como um lunático
que nunca encaixou verdadeiramente na ortodoxia. Foi nos The Merry Band, em
álbuns como “A Glint at the Kindling” que Robin – poeta louco nos ISB –
desenvolveu a sua faceta de contador de histórias, na velha tradição dos
jograis e trovadores da Idade Média, incluindo longos temas declamados, com
escasso ou nulo acompanhamento instrumental. Mas a plasticidade, um dramatismo
“sui generis” e o acento escocês da sua voz supriam esta ausência, através de
um talento inato para revelar o sortilégio e poder mágico das palavras. É o
Robin Williamson contador de histórias que pode ser ouvido em “The
Seed-at-Zero”. A voz sem rede ou acompanhada por uma harpa, uma guitarra
acústica e o bandolim. Os poemas são, na sua maioria, seus e de Dylan Thomas.
Com a memória dos ISB impressa em temas como “The seed-at-zero” ou “In my craft
ou sullen art”. Um álbum de silêncios e ecos. Afinal, e por este motivo,
adequado a uma editora como a ECM.
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