22
de Setembro 2000
POP
ROCK - DISCOS
The Residents
Roadworms
(7/10)
Euro Ralph, distri. Ananana
Para quebrar desde logo a tensão
decidimos ser os primeiros a revelar, ao fim de quase 30 anos de anonimato, o
nome dos quatro Residents. São eles: por ordem de idades: John Curtis, David
Pipkin, Samuel Maurice Norton e Clem Duvall. Estão contentes, estão? O novo
álbum dos “Fabulous Four” de Shreveport, Louisiana, foi gravado em Berlim no
intervalo de uma digressão pela Europa, com o intuito de experimentar em
estúdio alguns dos arranjos utilizados nos concertos, sem a pressão do público
e o incómodo das máscaras (que a partir de agora, dado que a sua identidade já
é conhecida, são desnecessárias), sendo a maior parte dos temas gravados ao primeiro
“take”. A música é em simultâneo complexa, infantil e sinistra. Reis do
grotesco, empenhados na eliminação da música pop como a conhecemos, o vírus
propaga-se aqui, como já se vinha propagando em anteriores trabalhos como “God
in Three Persons” ou “Stranger than Supper”, por via de uma vertente
pseudo-religiosa que recorrendo a temáticas bíblicas, pretende pôr de cabeça
para baixo os dogmas do Cristianismo. São lenga-lengas doentias na voz dos
convidados Mr.Skull e Molly Harvey (por vezes evocativas do genial e já
longínquo naufrágio, “Not Available”), miasmas colados à humidade fria de
globos oculares em permanente vigília, simulacros de “gospel” celebrado no
inferno, hinos de condenação, infeções da alma, pautados de forma insistente
pela sonoridade litúrgica de um órgão de igreja. “Judas saves” termina a função
com um simulacro simiesco da ópera-rock “Jesus Christ Superstar”. Para rir ou
ter medo, consoante as crenças e o estado de espírito de quem se dispuser a
assistir a esta missa sem Deus.
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