Pop
Rock
16 de Abril de 1997
portugueses
Osso Exótico
Osso
Exótico V
ED. ANANANA
Bzgdbzbblblmnmpqdzzzzz...
Silêncio. Cric. Silêncio. Bruuooomm. Música experimental. Chiu. O quinto volume
do Osso, ou o quinto osso do esqueleto, é sombras e silêncios. A sombra da
música. A anulação e o niilismo conceptuais. Começa com “9 esteiras para um
acorde de piano” compostos por David Maranha, nove segmentos com apenas alguns
segundos de duração cada, onde um acorde de piano é deixado a reverberar – exercício
de “delay” suportado por barulhos sortidos. Seguem-se dois “Ciclos”, de treze e
seis minutos, de Patrícia Machão. Piano tocado com arcos. Soa a uma serra
elétrica a dormir, metal a desfazer-se, música para ouvir na cave. O 2º ciclo é
completamente diferente: uma serra elétrica a desfazer-se, metal a dormir,
música para ouvir na subcave. “Fuga doméstica”, de David Maranha, dura mais de
27 minutos. Piano percutido, plink, plonk, ruídos de água processados, cordas
transtornadas. É a peça mais interessante do Osso, algures entre os Miso
Ensemble, PGR e Jocelyn Robert (de “Folie/Culture” e “La Théorie des Nerfs Creux”)
e seria ainda mais interessante se fosse cortada para um décimo da duração que
tem. Finalmente, desossa-se com quatro peças intituladas “Corrimão/Comunidade
das Mãos”, da autoria de André Maranha. No primeiro não se ouve nada. Silêncio
subliminar. Excelente. No segundo, idem. No terceiro é possível ouvir espectros
a arrastarem-se num lamaçal de escuridão. O terceiro mete umas restolhadas de metal
e ruído de fábrica “à la” Asmus Tietchens. A embalagem reúne imagens engraçadas
das partituras e uma frase escrita para se ler ao espelho. O experimentalismo
dispensa o ouvinte? A vanguarda deve ser inacessível até perder de vista? Este
é, então, um ótimo trabalho para ser apreciado pelos três elementos que compõem
o Osso Exótico. (4)
Sem comentários:
Enviar um comentário