27 Outubro
2000
POP
ROCK - DISCOS
Peaches
The
Teaches of Peaches (7/10)
Kitty-Yo, distri. Symbiose
Atenção, estes “ensinamentos” têm
bolinha vermelha no canto superior do ecrã! Peaches, aliás Merrill Nisker,
trintona, performer, professora de teatro para crianças (!) e rapper usa e
abusa, nesta sua estreia em disco, do palavrão e de imagens sexualmente
explícitas. Ela diz que está a ser “completamente natural” quando canta “Suck
and let go” e afirma que “o sexo e o rock vêm ou, no caso, vêm-se da mesma
maneira”. Peaches está no pico da sexualidade e sente-a em pleno. É sobre isso
que canta ao acentuar com ironia: “Não deixa de ser cruel que o homem atinja o
auge sexual aos 18 anos e a mulher aos 35.” Elas “aproveitam o melhor bocado”,
diz ainda. A música de “The Teaches of Peaches” é punk eletrónico, menos
Suicide e mais Kas Product. Já tentaram defini-la como “avant-garde dissonante
punk hip-hop”, apontando-lhe a influência dos Cramps. Mas menos chocante que o
vernáculo das letras, segundo uma tradição que remonta a Frank Zappa e se
instituiu no “rap” feminino de Lil Kim ou Foxy Brown, é a crueza do
acompanhamento eletrónico realizado numa groovebox Roland MC505 à qual Peaches
prefere chamar MC5, numa alusão aos proto-punkers de Detroit. “The Teaches of
Peaches” é sexo, metal e eletricidade amontoados em cima de uma Harley-Davidson
em andamento. Música eletrónica a funcionar da mesma maneira que o acumulador
de orgone de Wilhem Reich (“Diddle my skittle” provocará os orgasmos múltiplos
que a música industrial sempre quis atingir), é o equivalente “feminista” de
“Red Line” dos Trans AM. Em qualquer circunstância, manter fora do alcance dos
menores.
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