15/08/2014

Isotope 217 - Who Stole The I Walkman?



22 de Setembro 2000
POP ROCK - DISCOS

Isotope 217
Who Stole the I Walkman (8/10)
Thrill Jockey, distri. Ananana

Os Isotope não inventaram a pólvora! Mas, convenhamos, a forma como encheram com ela a espingarda, dá vontade de dar um tirinho. Consultaram Miles Davis, terão escutado, como se diz, o flibusteiro da eletrónica francesa, Pierre Henry (génio ou farsante?), leram os ficheiros dos Afrika Bombaata e Grandmaster Flash. Pode ser. Mas quando ouço um tema como “Moot ang” lembro-me de “Third”, dos Soft Machine, enquanto “Harm-o-lodge” e “Meta bass” me fazem participar nos passeios pelo jazz psicadélico dos Hatfield and the North (experimente-se comparar o segundo com “Shaving is boring”, do álbum de estreia dos Hatfields…). Pode ainda encontrar-se antecedentes nos “canterburianos” dos anos 80, The Muffins. Mas “Who Stole the I Walkman” não se fica pela citação e é isso que faz dos Isotope 217 uma das bandas mais interessantes da “música intuitiva” (termo chique que substitui o anterior “pós-rock”), de tendência “jazzy”, inclinação eletrónica e queda para a improvisação. Estimulantes no exercício do ensemble, convictos no “soloing”, imaginativos no design, os Isotope 217 avançam com passes firmes e em paralelo com os Chicago Underground Duo em direção a territórios mais ambientais e de maior densidade eletrónica (chegam a flutuar nas vastidões do krautrock tribal/planante dos Can em temas como “Moonlex”) que os dos álbuns anteriores, na procura do paraíso que os Tortoise deixaram antever em “Millions now Living will never Die”.

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