CULTURA
SÁBADO, 15 DEZ 2002
Bombas
latinas
Elas
são bonitas. Elas têm um corpo escultural. Elas são “sexy”. Elas despem-se em
palco e nas capas das revistas. Elas trepam pelos “tops” de vendas
internacionais até aos lugares cimeiros. Elas, surpreendentemente, cantam.
Elas são Jennifer Lopez, Christina Aguilera,
Paulina Rubio, Shakira, e têm em comum, além do visual provocante, o facto de
serem figuras de proa do “boom” de música popular de origem hispânica, que nos
últimos tempos inchou até se tornar fenómeno mediático. Faz sentido, sobretudo se
pensarmos que só nos Estados Unidos, detentor da fatia mais grossa do mercado
discográfico, cerca de um terço da população do país fala espanhol.
Ultrapassada a fase “ingénua”, durante a
qual estas e outras “divas” de “sexo apelativo” desfilavam em poses tórridas pelo
canal televisivo “Sol Música”, em vídeos tecnicamente tão “kitsch” como imbuídos
de uma carga erótica animal — em contraste com a sexualidade encenada ao
pormenor das suas congéneres ocidentais, como Madonna, Kylie Minogue ou Britney
Spears —, estes corpos e estas vozes explodem agora na MTV, em produções
sofisticadas que raiam o “soft core”.
Se é verdade que os homens foram os
primeiros a contrariar o império anglo-saxónico, com Enrique Iglesias e Ricky
Martin a provocarem desmaios e sonhos húmidos no público feminino norte-americano
e europeu, será lícito ver em Gloria Estefan, uma natural de Havana que se
notabilizou nos Miami Sound Machine, a pioneira, nos anos 80, a tirar partido
do erotismo como elemento integrante de uma imagem de “marketing”.
Mas Gloria era uma freira, comparada com
as atuais ousadias das suas companheiras mais novas: Christina aparece nua,
apenas tapada (?) por uma guitarra elétrica, na capa da revista “Rolling Stone”.
Jennifer faz strip-tease num dos seus “clips”. Paulina, cujas fotos na “Net”
são interditas a menores, participou recentemente numa emissão do “Herman SIC” envergando
uma minúscula micro-saia. Quando, a meio do programa, se inclinou para a frente
para falar com a primeira fila da plateia, o país — mais do que na greve geral
de terça-feira — parou.
JENNIFER
LOPEZ
DECOTE INTEGRAL
Jennifer é fogo. A típica “star” latina, 32 anos, dona de uma
sensualidade à flor da pele que num relance percorre toda a gama de arrepios,
da falsa ingénua à puta chique. Fotogénica no grau máximo da escala, continua a
ser um segredo a forma como conseguiu manter colado ao corpo o vestido Versace,
com “decote integral” que envergou há dois anos na cerimónia de entrega dos Grammy.
Na senda de Madonna, não deixa escapar uma oportunidade de
aparecer no grande ecrã e, também como a cantora de “Like a Virgin”, as suas
qualidades como atriz (em filmes como “Angel Eyes”, “Basta”, “Sangue e Vinho”,
“A Cela”) não têm sido de molde a entusiasmar a crítica, exceção feita a
“Romance Perigoso”, de Steven Soderbergh, onde é possível vislumbrar chispas de
um verdadeiro talento.
Com um novo álbum, “This is Me... Then”, e “single”, “Jenny from
the block”, prontos a disparar nas “charts”, bem fornecido de melodias
cantaroláveis e fotos da cantora em “negligé” e cuecas de fazer
crescer água na boca a todos os verdadeiros melómanos, o nome de
Jennifer Lopez tem, todavia, corrido mundo, por razões relacionadas com o seu
recente casamento com o ator Ben Affleck. Um romance criteriosamente
publicitado “através de press-releases, situações encenadas e encontros sobre a
carpete vermelha por ocasião das grandes estreias”, diz a revista “Hollywood Reporter”
com a língua afiada. Com a língua afiada!?...
CHRISTINA AGUILERA
SENHORA
MARMELADA
Mistura de sangue irlandês e equatoriano, adivinham-se em
Christina Maria Aguilera, 22 anos, múltiplos sabores. Natural de Staten Island,
não descura, no entanto, as raízes latinas. Prova disso é o facto de ter
gravado um álbum, “Mi Reflejo”, inteiramente em espanhol, ainda que, devido a
não saber uma sílaba desta língua, tivesse decorado as letras com base na
transcrição fonética de cada palavra.
Considerada a principal rival de Britney Spears, com quem partilha,
aliás, algumas semelhanças físicas (ou será da maquilhagem?), e admiradora de Marilyn
Monroe, Christina é TNT pronto a explodir à mínima faísca. Supõe-se que o Rato
Mickey tenha tido ideias estranhas quando, em 1992, a cantora entrou para o elenco
do “The New Mickey Mouse Club”, do canal Disney, o mesmo acontecendo, curiosamente,
com Britney Spears...
Independentemente dos atributos físicos, que, no seu caso,
tendem a fazer esquecer o resto, Christina tem uma voz tecnicamente treinada e
aptidões suficientes para que se lhe possa chamar “diva”. Para já, o “single”
“Genie in a bottle” permaneceu no topo das “charts” durante cinco semanas,
“What a Girl Wants” foi o primeiro Top One do ano 2000 e pode ser ouvida ao
lado de Pink, Mya e Lil’Kim a cantar uma versão de “Lady marmalade”, de Patti
Labelle, na banda sonora de “Moulin Rouge”. O novo álbum tem como título
sugestivo, Stripped”.
Mas como a fama é uma moeda de duas faces e a imaginação dos fãs
por vezes se excede, Christina viu-se forçada a desmentir boatos que a davam
como protagonista de fotos e vídeos pornográficos postos a circular na “net”. A
loura, porém, era outra...
PAULINA RUBIO
CORPO
DO PECADO
“Penso que a música é como o amor”, afirma Paulina Rubio,
mexicana, 31 anos, o próprio corpo do pecado. Mesmo sem ouvirmos uma nota, ao
olharmos para as fotos do seu novo álbum, “Border Girl”, ou outras menos
inocentes, espalhadas pela “Net”, concordamos imediatamente.
Filha de uma das atrizes mais famosas do seu país, Susana
Dosamantes, Paulina Rubio é a mais recente coqueluche das “barbies” sumarentas
que estão a dar a volta a cabeça aos que sempre acharam Britney Spears um
pãozinho sem sal e os “soutiens” de Madonna demasiado pontiagudos.
Paulina é perfeita sob vários aspetos, sobretudo de frente, de costas e de perfil. Mas também na forma como se entrega ao rock, pop, “dance music” e música tradicional mexicana, em “la Chica Dorada” (três singles “top one” e vendas para platina) e “Border Girl”, preenchido por canções cantadas inteiramente em inglês como “Sexual lover”, “Fire-Sexy dance” e uma versão de “I was made for lovin’ you”, dos Kiss.
Paulina é perfeita sob vários aspetos, sobretudo de frente, de costas e de perfil. Mas também na forma como se entrega ao rock, pop, “dance music” e música tradicional mexicana, em “la Chica Dorada” (três singles “top one” e vendas para platina) e “Border Girl”, preenchido por canções cantadas inteiramente em inglês como “Sexual lover”, “Fire-Sexy dance” e uma versão de “I was made for lovin’ you”, dos Kiss.
É que Paulina tem um sonho: “Beija-se alguém para dar e receber
uma energia, para se estabelecer uma conexão. Estou a tentar conectar-me com
pessoas em redor do mundo, para enviar o meu beijo ao planeta inteiro.” Favor
ir para a fila de espera.
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