CULTURA
QUINTA-FEIRA,
5 ABR 2001
Luís Represas perdidamente feliz
CELEBRAÇÃO DOS 25 ANOS DE CARREIRA
Uma orquestra sinfónica, Fausto e Davy Spillane, e as canções,
das “incontornáveis” às “herméticas”
Fez parte dos Trovante antes de se lançar numa carreira
a solo que o projetou para um lugar de prestígio junto de uma legião imensa de
fãs. Talvez porque ao longo de toda a sua carreira Luís Represas se tenha
mantido próximo das pessoas. O "retrato de uma pessoa normal, uma pessoa
comum, que tem uma família, uma pessoa que sai à rua, que vai às compras, à
praia, que se mistura com as outras" porque "o Luís Represas que está
em cima no palco é o mesmo Luís Represas que anda na rua", diz.
"Quando abraçamos uma vida que é de exposição, não podemos depois começar
a usar um chapéu enterrado até aos olhos e uma gabardine por cima, para não nos
conhecerem na rua".
Tem a
carreira que quis e pelo menos um clássico da canção portuguesa no bolso,
"Perdidamente". E um sonho, poder cantar um dia ao lado de Joni Mitchell.
Está a fazer 25 anos de carreira e tenciona comemorá-los condignamente – em dois
grandes espetáculos marcados para amanhã, em Lisboa, no Pavilhão Atlântico, e
no Coliseu do Porto, a 10 de Abril (terça-feira).
Serão
ambas ocasiões especiais nas quais o antigo músico dos Trovante se fará rodear
de uma série de convidados e de uma orquestra de 58 elementos para interpretar
canções de várias fases da sua carreira, incluindo algumas do mais recente
álbum, "Código Verde", editado em Outubro do ano passado, um disco
feito "com maior tranquilidade", como "O que vai ser (juro que
vi)", "O zorro", "O lado bom da saudade" ou "Quem
disse (porque te amava)". As "incontornáveis, em termos de
importância que tiveram nestes anos todos", mas também outras "que
foram vitimizadas pela ditadura do single" e "que viram pouco a luz
dos palcos", como "Quando me perco" ou "As sombras".
"Não quis muito que este espetáculo fosse um espetáculo de 'hits' mas que
entrassem canções que tiveram importância em cada um dos discos e em cada uma
das minhas fases".
Para
fazer isso Luís Represas vai poder contar com o suporte de uma orquestra
sinfónica (a Sinfónica Juvenil, com direção de José Calvário). O conceito
"grupo pop mais orquestra" será, todavia, diferente do habitual.
Represas explica: "Normalmente quando se junta um grupo de música pop e
uma orquestra sinfónica, aparecem grandes arranjos sinfónicos. Aqui a relação é
ao contrário. É a orquestra que se junta aos arranjos do grupo, trazendo uma
mais valia sonora, um som que permite ir mais além".
Homenagem a Fausto
Durante cerca de duas horas, sem intervalo nem ordem
cronológica, passarão pelo palco músicos convidados, "que tiveram
importância nestes 25 anos" para o aniversariante, como Manuel Faria e
João Gil, seus antigos companheiros nos Trovante, o pianista Bernardo Sassetti,
que foi o produtor de "Cumplicidades", Davy Spillane, virtuose
irlandês das "uillean pipes", que já tinha tocado num anterior
concerto de Represas, no CCB, e participado igualmente em
"Cumplicidades" e, sobretudo, alguém que nos últimos anos é raro ver
e ouvir ao vivo, o cantor e compositor Fausto. "Teve uma importância muito
grande na minha forma de compor e de escrever, na minha formação enquanto músico.
Além disso tocámos muitos anos juntos". Fausto vai ter um espaço reservado
só para si na festa de anos de Represas. "Será uma forma real de homenagear,
não só o Fausto, como todo um grupo de músicos que foram fundamentais para a
nova música portuguesa".
"Durante
estes 25 anos fiz a música que quis, como quis, com quem quis e onde
quis". Um músico realizado. "Não se pode querer mais, não me posso
sentir melhor, ter mais motivos para olhar para trás com um sorriso ". Um
músico feliz. "Sem uma meta a atingir, ou quase...". Não tem
problemas em arriscar. "Posso dar-me à liberdade de fazer canções mais
imediatas como 'Ao canto da noite' e outras tão herméticas como 'Cinco
estradas' (por sinal, uma das grandes canções de "Código Verde").
Apenas
um sonho por cumprir, mas mesmo esse não chega para lhe "tirar o
sono": "De todos os músicos do mundo, aquele com o qual gostaria mais
de ter uma relação musical, a que me daria mais prazer, é a Joni Mitchell.
Seria fantástico!".
LUÍS REPRESAS
(com convidados)
Lisboa,
Pavilhão Atlântico, amanhã. Às 22h.
Bilhetes
entre 3500$00 e 6500$00.
Porto,
Coliseu, dia 10. Às 22h.
Bilhetes
entre 2750$00 e 5000$00.
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