05/11/2016

Folk em trânsito em Aveiro

CULTURA
SEGUNDA-FEIRA, 18 NOV 2002

Folk em trânsito em Aveiro

Música cigana, exotismo de Tuva e fado no “Sons em Trânsito”, festival de músicas do mundo que hoje começa em Aveiro

“Sons em Trânsito” é o nome do festival de músicas do mundo que decorre de hoje a dia 22, sempre às 22h, no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. Susana Baca, a cantora peruana que já é uma instituição da “world music” de raiz sul-americana, abre o evento. A música dos escravos negros e a herança da colonização espanhola misturam-se num híbrido que a sua voz transmite com inigualável sentimento.
            No dia seguinte, atua o Trio Mocotó, oriundo do Brasil. Surgiram no início da década de 70 em São Paulo e, ao lado de Jorge Benjor, são responsáveis pelo nascimento do “samba soul beat”. Colaboraram com o rei do “bebop”, Dizzy Gillespie, e o mestre do “easy listening”, Burt Bacharach. No ano passado, a edição do álbum “Samba Rock” deu azo a uma digressão com passagem pelos festivais “Womad” e e “Womex”.
            A portuguesa Kátia Guerreiro traz consigo, no dia 20, o fado que pode ser ouvido no seu disco de estreia, “Fado Maior”, disco de prata e uma das revelações do novo fado que nos últimos anos tem vindo a renovar esta forma musical.
            Para arrasar, como já fizeram em Portugal em várias ocasiões, vem a Fanfare Ciocarlia, da Roménia. Considerada “a mais rápida banda de metais do mundo”, é uma típica banda de batizados e casamentos, daquelas que se aguentam a tocar, sem perder a compostura nem o fôlego, durante uma semana inteira, se for caso disso. Em Aveiro, será impossível resistir ao apelo da energia e alegria com que atuam em palco.
            O “Sons em Trânsito” prossegue, dia 21, com os portugueses FadoMorse, adeptos da fusão entre o rock e a música tradicional, com recurso a algumas das recolhas de Giacometti, e fecha a 22 com a cantora Sainkho Namtchylak, da região de Tuva, na Rússia/Mongólia. Associada ao canto multifónico característico da região, a sua música vai bastante mais além, com incursões pela eletrónica e por um tipo de experimentação que toca a música contemporânea.
            Entre as atividades paralelas do festival figuram uma mostra fotobiográfica sobre José Afonso e outra sobre Carlos Paredes, e uma exposição de fotografia sobre ciganos de Cristina Pinto. Nos corredores do Centro Cultural e de Congressos de Aveiro estará aberta durante os quatro dias uma Feira do Disco.

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