CULTURA
SEXTA-FEIRA,
24 MAI 2002
Música
de minorias no 13º Cantigas do Maio do Seixal
Festival
de “world music” no primeiro de dois fins-de-semana
Berroguetto,
hoje, e Gjallarhorn, amanhã, são as duas apostas mais fortes para o primeiro
fim-de-semana de "world music" que o festival Cantigas do Maio leva
pela 13ª vez ao Seixal, este ano subordinado ao tema "Músicas de
Minorias".
Com os galegos Berroguetto, que
já atuaram antes neste mesmo festival, é difícil separar na sua obra o amor
pela tradição de um genuíno desejo de transgressão. O novo álbum deste grupo
galego, intitulado "Hepta", foi buscar inspiração ao número
"7", considerado sagrado nos circuitos herméticos, bem como à obra do
artista plástico Georges Rousse, em particular uma instalação realizada na
antiga fábrica de Sargadelos, hoje em ruínas.
"Hepta" é folk, é
jazz, é síntese, é a "xeometria heptacéfala, completa metamorfose dos
agoiros oraculares nos pétalos encarnados da flor da realidade". É,
sobretudo, a grande música de um dos mestres atuais da música galega, Anxo
Pintos. Os Berroguetto atuam esta noite, por sinal também numa antiga fábrica,
a Mundet. Completam a programação para hoje as percussões dos O Ó Que Som Tem,
projeto em contínua evolução, orientado por Rui Júnior, de quem se espera a
sucessão, para breve, do álbum "O Mundo Não Quer Acabar", editado em
1998.
Os
Gjallarhorn, da Finlândia, que atuam amanhã na Fábrica Mundet, são
representantes da já vasta escola escandinava por onde passam os Hedningarna,
Den Fule, Garmarna, Vasen, Hoven Droven, Varttina, Sirmakka, Pirnales, JPP,
Niekku e Maria Kalaniemi, entre muitos outros. A sua música, audível no novo
álbum "Sjofn", além de uma capa que decerto atrairá as atenções da
fação masculina, mergulha nas baladas tradicionais dos arquipélagos finlandeses
do Golfo de Bothnia, mas está longe de poder ser considerada anacrónica.
Espere-se, em vez disso, uma
combinação agradável da voz sensual da vocalista Jenny Wilhelms com o tipo de
sonoridades com as quais os apreciadores da "nordic folk" já estão
familiarizados, feita de violinos, percussões e flauta tradicionais, mas aqui
com o toque exótico do didjeridu e da harpa judaica.
Completam o programa de
sábado os italianos Zoè, da região de Puglia. São especialistas em tocar a
"pizzica", um tipo especial de pandeireta. Diz-se que com tal frenesi
que as mãos dos músicos chegam a sangrar. Esperemos que não seja necessária a
intervenção da equipa médica.
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