01/10/2016

Paris - Portugal [Fernando Marques]

POP ROCK Quarta-feira, 21 Maio 1997

Fernando Marques apresenta coletânea

PARIS – PORTUGAL

fernando Marques é um guitarrista português radicado em França há 16 anos cuja obra tem sido pouco divulgada entre nós. A Milan acabou de editar o álbum “Águas que o Rio Leva ao Mar”, uma coletânea de temas gravados até 1987 extraídos da sua anterior discografia. Depois dessa data, Fernando Marques gravou, 1991, um álbum baseado na obra de Gil Vicente, “Cantigas de Gil Vicente”, cuja apresentação esteve a cargo de Lídia Jorge. Foi para França estudar guitarra clássica e por lá ficou. Dá, atualmente, aulas de música e de literatura na Sorbonne, em Paris, onde nunca quis fazer carreira. “Não sou do tipo de querer fazer carreira como cantor.” Canta quando lhe dá “gosto”. Estar fora permite-lhe “aperceber-se do que há de bom em Portugal”.
                “Águas que o Rio Leva ao Mar” não esconde algumas das influências que o marcaram durante a sua juventude, nomeadamente José Afonso, “um homem que respeitava perfeitamente a musicalidade da língua portuguesa”, e o espanhol Paco Ibañez, “que tinha em palco uma presença fabulosa”. Outra das suas “grandes paixões” foi a música de Joe Cocker. Também gosta de música sul-americana.
                A presente coletânea reúne temas de “Sem Eira nem Beira”, considerado na altura, em França, o melhor disco estrangeiro, um álbum gravado para a Le Chant du Monde, com a participação de músicos angolanos, e “Suave”, gravado em Lisboa em 1985. Pertencem a este álbum os temas mais populares e acessíveis de “Águas que o Rio Leva ao Mar”. “Fiquei por cá três anos, muito caladinho, sem dizer nada a ninguém, inspirando-me no dia-a-dia alfacinha”. Para Fernando Marques fica o desejo de chegar com mais força ao público português, com um álbum que reflete “uma vida feita de percursos”.


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