POP ROCK Quarta-feira, 7 Maio 1997
reedições
A sós com os blues
JOHN MAYALL
Crusade (8)
The Blues Alone (7)
Deram, distri. Polygram
PETER GREEN
Bandit (7)
Milan, distri. BMG
apadrinhado, no início dos anos 60 pelo lendário
Alexis Korner, John Mayall encetou, pelo seu lado, um movimento de renovação
dos blues brancos da escola inglesa, formando os Bluesbreakers, grupo que
esteve na base do consequente “boom” de “rhythm ‘n’ blues” em Inglaterra. Por
esta formação passaram músicos importantes, que viriam a integrar, mais tarde,
outras formações, como os guitarristas Eric Clapton (Cream), Peter Green
(Fleetwood Mac) e Mick Taylor (Rolling Stones), os baixistas John McVie
(Fleetwood Mac), Jack Bruce (Cream) e Tony Reeves (Colosseum), os bateristas
Aynsley Dunbar (Mothers of Invention) e Keef Hartley (Keef Hartley Band), os
saxofonistas Dick Heckstall-Smith (If e Colosseum), Chris Mercer, Johnny Almond
(Mark Almond) ou o trompetista Henry Lowther.
“Crusade”, gravado
em 1967, é uma homenagem aos blues e ao seu público minoritário, em que Mayall
recria o reportório de alguns dos seus “bluesmen” preferidos, como Freddie
King, (Little) Eddie Kirkland, Willie Dixon, Joseph Valery e Sonny Boy
Williamson, ao lado de composições da sua autoria. Imparável em matéria de
“swing”, com uma formação que integrava, além de Keef Hartley, John McVie e
Mick Taylor, os saxofones de Chris Mercer e Rip Kant, “Crusade” demonstra toda
a versatilidade de John Mayall (em 12 temas, recorre a 10 escalas diferentes)
na composição, bem como os seus talentos na guitarra, harmónica, teclados e,
claro, o registo vocal “cool” que era seu timbre.
No mesmo ano, John
Mayall grava “The Blues Alone”, experiência solitária em que toca todos os
instrumentos (incluindo cravo e bateria), à exceção do acompanhamento, nalguns
temas, de Keef Hartley, na bateria. A força e o “drive” rítmico, só possível
num coletivo, ressentem-se, mas, se outra razão não existisse para distinguir
este disco, bastaria o facto de contar com um dos temas mais belos alguma vez escritos
nos anos 60, a balada “Broken wings”. Faltava pouco tempo para surgirem os dois
monumentos erigidos por John Mayall aos blues: “Bare Wires” e o revolucionário
“Blues from Laurel Canyon”, que criaria o blues progressivo, género que viria a
ser abraçado por quase todas as bandas inglesas ao longo da fase inicial do
progressivo, até 1969.
Peter Green
abandonou os Bluesbreakers após a gravação do álbum anterior a “Crusade”, “A
Hard Road”, entrando para os Fleetwood Mac, antes de se dedicar em exclusivo ao
misticismo e à religião. “Bandit” é uma coletânea de temas extraídos de vários
álbuns da discografia do músico, incluindo “In the Skies” (também o título de
um “hit” seu, da época), que deixa bem vincado o tom de desolação e
despojamento que caracterizava o seu estilo na guitarra. Um blues monocórdico,
balouçante e enigmático, que aqui encontra a sua máxima expressão no desespero
resignado de “Lost my love”.
Sem comentários:
Enviar um comentário